Nós, da classe média e
classe média alta, que convivemos neste mundo insano do século XXI, achamos que
nossos problemas estão resolvidos porque já temos acesso a todos os bens
materiais que desejamos e, ao contrário de muito brasileiros, aos alimentos que
necessitamos. Entretanto, poucos de nós têm se dado conta que nem sempre o
acesso e a quantidade de alimentos significam que tudo está resolvido em nossa
alimentação.
Dados das pesquisas da
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, têm
mostrado, reiteradamente, que a maioria dos alimentos que consumimos no
dia-a-dia está contaminada por agrotóxicos, isto é, venenos agrícolas. A última
pesquisa divulgada pelo PARA – Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos
em Alimentos – mostrou que em 15 dos 20 alimentos analisados foram encontrados
resíduos de agrotóxicos, alguns não autorizados para os cultivos. Entre eles,
se destacou o pimentão e o pepino, com resíduos de endosulfam, um veneno cancerígeno
e que pode causar problemas reprodutivos e hormonais. Pimentão, tomate, alface
e cebola apresentaram resíduos de metamidofós, um veneno que pode causar
neurotoxicidade, imunotoxicidade e efeitos nocivos sobre o sistema endócrino e
reprodutor e sobre o desenvolvimento dos fetos.
Amostras de cebola e cenoura apresentaram
resíduos de acefato, um agrotóxico altamente prejudicial à saúde, que pode ser
responsável por problemas de câncer e toxicidade reprodutiva. Resumo da
história, das 3.132 amostras, analisadas pela ANVISA, 914 foram consideradas
insatisfatórias, mesmo sabendo que a maioria apresentou resíduos de veneno,
ainda que dentro dos limites de tolerância. Isso tudo quer dizer, que não basta
comer, é preciso comer alimentos sadios, livres de contaminações que, nós
leigos, não conseguimos detectar na gôndola do supermercado. Aliás, por
equívoco de formação, fomos induzidos a sempre escolher as frutas e verduras
mais “bonitas”, “maiores”, que, em geral são as que foram produzidas com maior
uso de venenos agrícolas. E tem mais, as receitas da televisão, de que basta
lavar com vinagre e retiramos o veneno do alimento, é puro engodo, não é
verdade. Até porque muitos dos agrotóxicos são sistêmicos e estão dentro e não
fora da fruta ou da verdura. Ademais, em alguns casos, o poder do veneno se
potencializa quando o alimento é levado ao cozimento.
Assim, para quem quer comer
bem, resta pouco o que fazer a não ser procurar alimentos produzidos de forma
adequada, sem o uso de agrotóxicos. É o caso dos produtos orgânicos, que são
fiscalizados e obedecem a uma rígida legislação.
Francisco
Roberto Caporal (Pai da aluna Laila Caporal)
Dr. Francisco Roberto Caporal
ResponderExcluirPermita-me discordar em parte de suas colocações no texto "Comer Saudável, Comer Orgânico". Em primeiro lugar, este mundo insano do século XXI é também residência de uma população de pobres e miseráveis que, apesar dos agrotóxicos e fertilizantes tem conseguido se alimentar graças ao avanço tecnológico conseguido extamente nesta área, com altas produtividades nem sempre em solos férteis. A expectativa de vida de nosso povo, mesmo pobre, tem aumentado muito nas últimas décadas, graças às altas produtividades agrícolas - sobretudo aqui no Brasil.
Falo como agricultor que fui, durante 10 anos, e como profissional da área de Geociências, e por ser tio de um aluno do colégio.
A bandeira dos "orgânicos" merece todo respeito mas ela ainda é insuficiente para suprir a demanda do mercado, sobretudo entre aqueles que não são da classe média e média alta. Além do mais, nem tudo o que é "químico" representa o mal. Inseticidas e fungicidas eficientes, seguros e necessários existem e são imprescindíveis na agricultura.
Como tio de Pedro, preocupo-me mais com a formação ética cristã oferecida pelo colégio, que agrega valores e princípios neste "mundo insano" do que com a repetição de clichês da patrulha agroecológica. Até porque a ética cristã procura nivelar as classes sociais, pois somos todos iguais diante de Deus.
Esta é a minha opinião, e gostaria que a direção do colégio tomasse conhecimento, pois julgo muito importante este debate.
Atenciosamente
Luis Manoel Siqueira